Publicada em: 02/08/2025 – POLÍTICA E JUSTIÇA

Relato envolve bastidores do STF e possível viés político

O ex-chefe de gabinete Eduardo Tagliaferro, que atuava na assessoria especial do ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF), fez revelações graves em entrevista divulgada nesta semana. Ele relatou que o gabinete do ministro operava com um viés político na fiscalização de conteúdos classificados como “fake news”, especialmente contra veículos de direita.

Segundo Tagliaferro, sua equipe recebia listas prontas de alvos para monitoramento, sem liberdade para investigar por critérios técnicos. Os conteúdos analisados viravam relatórios detalhados, encaminhados diretamente ao ministro e sua equipe, com foco na desmonetização e punição de veículos considerados críticos ao governo ou ao próprio Moraes.

Ex-assessor afirma que alvos eram pré-definidos

Eduardo destacou que não havia autonomia para identificar novas fake news — os nomes já vinham selecionados. Em sua visão, o gabinete perseguia sistematicamente grupos e veículos de comunicação alinhados à direita, como a revista Oeste.

Apesar de muitos membros da equipe demonstrarem incômodo com a condução do trabalho, poucos tomaram a iniciativa de sair. A maioria continuou seguindo as ordens, segundo ele, mesmo diante de instruções que exigiam “criatividade técnica” para embasar ações jurídicas contra os alvos.

Medidas incluíam desmonetização e punições

Entre as práticas adotadas, o ex-assessor mencionou que parte das ações tinha como objetivo enfraquecer financeiramente os canais monitorados, com desmonetização de perfis e desarticulação de suas redes de sustentação digital. Tudo isso, segundo ele, sob o argumento de combater a desinformação.

Ele também revelou que deixou o país por motivos de segurança, após perceber o peso político das ações conduzidas no núcleo do STF.

STF e liberdade de imprensa entram em debate

A entrevista gerou forte repercussão nas redes sociais e reacendeu o debate sobre os limites da atuação do Judiciário. Especialistas e críticos passaram a questionar se a estrutura criada para combater a desinformação estaria sendo utilizada para silenciar opositores políticos, afetando diretamente a liberdade de imprensa e de expressão no país.

Tagliaferro informou ainda que pretende formalizar uma denúncia completa com todos os dados que possui sobre o funcionamento do setor que integrou.

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